Em 2010 eu viajei para Buenos Aires com minha noiva e duas amigas.
Algumas pessoas me perguntaram como foi, outras me pediram dicas, etc.. Familiares, amigos, colegas, até minha dentista se mostrou interessada. E sempre comentei mais ou menos a mesma coisa para eles, e várias vezes.
Então, para simplificar, vamos lá, vou compartilhar as dicas com todos aqui no blog:
PACOTE x POR CONTA
Fizemos tudo por conta, não foi pacote. Assim, teríamos mais liberdade para fazer o que queríamos e quando queríamos, com menos programas de compras e mais programas culturais e, sobretudo, pela metade do preço!
HOTEL
Encontramos o hotel pelo site booking.com, que dá várias recomendações de hotel e tem preços bons (e muitas vezes existem descontos se fechar pelo site, ao invés de fechar direto com o hotel, acredita?)!
Ficamos no seguinte hotel, que achamos no site:
Bem localizado, simpático, no centro de BsAs (o pessoal às vezes abrevia Buenos Aires assim). Era pertinho da avenida 9 de Julho, do Obelisco e de várias estações de metrô.
TRANSPORTE
Quando fomos em 2010, metrô era muito barato, coisa de 1 Peso (ou 50 centavos de Real), e taxi também, viagens a sete reais, pois a moeda deles, o PESO ARGENTINO, na época, estava valendo metade do REAL.
Ônibus achei meio complicado de andar, pois se calcula na hora o quanto vai gastar pois depende onde se vai descer, Por isso, o negócio é ver se onde vai passear tem metrô perto, pois dá para fazer tudo de metrô, ou metrô + a pé, ou metrô + táxi ou só táxi, dependendo de onde se vai.
Eles chamam o metrô de SubTe, ele não é bonito, parece escuro e antigo, mas é muuuito bem organizado! Os mapas das linhas e estações sempre têm informações das ruas que estão acima deles -- o que ajuda muito na localização! Seria o similar se, ao andarmos no metrô de São Paulo, na linha verde sob a Av. Paulista, o mapa dentro do vagão tivesse as indicações que você está passando por debaixo da Alameda Campinas, e depois pela Rua Pamplona, a Av.9 de Julho, e por aí vai.
|
"No ponto, desce". |
E a rede de metrô de Buenos Aires é retratada de forma cinematográfica e ficcional no filme MOEBIUS (http://cinegnose.blogspot.com/2011/07/geometria-sagrada-no-filme-moebius.html), um filme bem bacana que não mexe com paradoxos temporais (viagem no tempo), mas com paradoxos espaciais (portal dimensional).
|
"Uma eletrizante viagem à quarta dimensão." |
DINHEIRO
Sobre dinheiro, é bom comprar antes de viajar, ao invés de comprar só no aeroporto. Procure na internet as cotações do dia, e compre em uma casa de câmbio ou no Banco de Nacion Argentina, na Av. Paulista. Sobre casas de câmbio, às vezes é melhor comprar na região da Paulista do que nos bairros, pode sair mais barato (pelo menos no ABC meu amigo comprou e saiu mais caro do que paguei). Compre também DÓLARES AMERICANOS, é bom para comprar coisas no Duty Free ou Free Shop (as lojas que ficam nos aeroportos para quem faz vôo internacionais, livres de impostos locais, bom para comprar perfumes, óculos escuros, artigos importados, etc.). Além disso, pode levar REAIS também, algumas lojas argentinas aceitavam tanto peso, como reais (ou "reales" como eles falam) e dólares.
VÔO
Sobre o vôo, fomos pela TAM, que estava com o melhor preço na época. Saímos de Guarulhos/Cumbica (GRU) e descemos no aeroporto de Ezeiza (EZE), em Buenos Aires mesmo.
Para ir para Guarulhos, existem 3 opções:
* ou pedir para alguém levar de carona;
* ou pegar um ônibus até lá, da Airport Service (que pode ser estilo ônibus "de rua" ou ônibus de viagem, depende do preço e de onde vai pegá-lo)
* ou ir de carro até lá, mas não deixar no estacionamento do aeroporto, e sim em algum estacionamento perto, que eles são mais baratos e têm serviço de vans para levar de lá até o aeroporto. Como ficamos 5 dias fora e estávamos em 4 pessoas, não saiu caro.
Lá em Buenos Aires, pegamos um táxi credenciado no aeroporto até o hotel. Acho que existe também opção de ônibus de linha, não sei.
Ouvi dizer que o vôo para Montevideo (Uruguai) é mais barato do que para Buenos Aires (Argentina), e que ainda pode-se fazer o passeio de barco de um para o outro, que parece ser muito bonito. Mas isso eu ouvi dizer, não posso afirmar.
QUATRO DIAS DE PASSEIO
Ficamos praticamente 4 dias lá, e voltamos para casa na madrugada do 5o. dia. Deu para passear bastante, mas queria voltar para ir em lugares que não fomos.
Nosso "programa" foi assim:
################## 1o. dia ##################
* chegamos em EZE perto do meio-dia;
* nos trocamos e saímos para passear pelo OBELISCO e pelos calçadões do centro, que dá para ir a pé do hotel;
|
Asterix e Obelix. |
* almoçamos uma parrillada (eles falam "parrixada", que é um monte de carne com mais carne) lá no centro mesmo no restaurante ESTANCIA e continuamos a passear pelas ruas perto;
|
Meu Deus! Quanta carne!! |
* pegamos o metrô e fomos até o famoso CAFÉ TORTONI, parada obrigatória de turistas;
|
Com nossos amigos bonecos Carlos Gardel e outros. |
* à tardinha fomos para o MUSEU DE BELAS ARTES (os museus fecham umas 20 ou 21h);
* de lá, aproveitamos a noite e fomos ao HARD ROCK CAFÉ, depois voltamos para o hotel.
################## 2o. dia ##################
* fomos para um City Tour (que já havíamos contratado) antes : o City Tour é um ônibus fechado com um guia turístico geralmente trilíngue (espanhol, inglês e português) que passa em vários pontos turísticos, como:
>> a CASA ROSADA,
>> o estádio do BOCA JUNIORS,
|
No estádio dos "hermanos". |
|
Estátua do Maradona. |
>> o bairro de CAMINITO (la Boca),
|
Que "favela" bonita, toda colorida... |
>> o CAIS e
>> PUERTO MADERO.
É legal para ter uma visão geral da cidade, mas é muito corrido, os passageiros têm minutos marcados para descer doônibus, dar uma volta, fazer compras (nos pontos indicados por eles) e voltar. Dos locais que o ônibus passa, só dá para aproveitar mesmo o ESTÁDIO DO BOCA (eu que não gosto de futebol gostei de ir lá) e o CAMINITO (o que é bom, pois seria mais complicado chegar lá de metrô sozinho). Mas a CASA ROSADA e PUERTO MADERO, o ideal é ir depois, em separado, com tempo (são os lugares que não visitei como gostaria);
* depois do City Tour, fomos ao Shopping Galeria Pacifico, para comer e passear, é um lugar bem bonito - lá tomamos sorvete no FREDDO, famoso por sorvete de doce de leite, uma delícia;
|
A aparência e cor fazem parecer outra coisa (eca!),
mas foi um dos melhores sorvetes que tomei na vida! |
* não lembro se foi nesse dia ou em outro que comemos no McDonald's -- apenas para experimentar e constatar que o lanche e hambúrguer são similares ao nosso, seguindo um padrão de "sabor";
* à tardinha fomos a outro museu, o MALBA (Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires)
* e depois lá para umas 22h, fomos assistir um show de tango no TANGO PORTEÑO. Pensei que eu não ia gostar do tango, mas é bem legal, parece mais uma peça de teatro do que uma simples dança! É um pouco caro lá, por isso nem jantamos lá, só pagamos para ver o show mesmo, deixamos para comer uma pizza lá perto depois.
################## 3o. dia ##################
* fomos para os parques do bairro de PALERMO,onde tem vários parques juntos:
>> JARDIM BOTÂNICO (legal),
|
Mais um lugar bonito. |
>> ZOOLÓGICO (esse não fomos),
>> PASEO DEL ROSENDAL (existem roseiras muito bonitas e tem o Pátio Andaluz, que é bem bonito),
|
Três flores no meio de milhares de rosas. |
>> PLANETÁRIO (só passamos em frente) e
>> JARDIM JAPONÊS (bacana).
|
Lago no Rardim Raponês (pronuncia-se mais ou menos assim). |
|
Bonecos nipônicos. |
Fomos de metrô para esse bairro, e o resto fizemos a pé, andando de um parque até outro;
|
Nas ruas entre os parques. |
* comemos um lanche na rua mesmo, de um trailer em um dos parques, só para ver como é. Gostoso, e meio apimentado, e a cerveja padrão deles é a Quilmes, muito boa;
* voltando pela Av. Libertador, comemos no bar/restaurante PANINI PORTENO, lá tem empanadas, o que é muito bom!
* depois de comer, caminhamos até a RICOLETA, pegamos a FEIRINHA quase fechando (mas deu tempo de comprar umas camisetas) e depois passamos no CENTRO CULTURAL Ricoleta, e saímos para procurar um lugar para jantar lá perto para depois pegamos o metrô de volta para casa;
################## 4o. dia ##################
* como era domingo, fomos à FEIRA DE SAN TELMO, feira de antiguidades (os "mercados de pulga"), como as de São Paulo da Benedito Calixto (aos sábado) e da Treze de Maio e Vão do Masp (aos domingos);
|
Mercado de Pulgas. |
* de lá fomos para PUERTO MADERO, para almoçar em lugar badalado e famoso chamado SIGA LA VACA. É muito bom, mas a fila de espera é enooooorme, não sei se valeu a pena ter comido lá, pois perdemos muito tempo que poderíamos ter passeado lá perto;
|
Ah, Rio da Prata... |
* à noitinha conseguimos dar uma volta no PUERTO MADERO, parece ser bem legal lá, cheio de bares e restaurantes, inclusive o HOOTERS, mas já era tarde, e tinha até uns barcos que poderiam ser visitados (acho que como um museu), mas pelo horário já não dava mais. E não poderíamos nos demorar muito na rua, pois viajaríamos no dia seguinte, tínhamos que arrumar as malas e descansar um pouco. Só demos uma volta pelos arredores do hotel para comer empanadas, e achamos num lugar simples, mas muito boas, do lado do hotel. Nos arrependemos de não ter dado umas voltas no quarteirão do hotel antes, pois tem umas coisa legais lá perto -- e nós, sempre que saíamos do hotel, já íamos direto para a Av. 9 de Julho, nem vimos os arredores direito;
|
Que dó de não ter entrado no barco... |
################## 5o. dia ##################
* Já tínhamos acertado anteriormente com um motorista de táxi para ele nos levar até o aeroporto. Acordamos 2 da madrugada (quase que perdemos o horário) e fomos embora.
Alguns dos passeios acho que já dá para comprar aqui no Brasil mesmo pela internet (como o tango), mas a grande maioria das coisas acertamos lá mesmo!
COMIDA
Eles comem muitas carnes e churrasco, o que eu, particularmente, acho meio enjoado.
Mas as empanadas já são outra coisa, são deliciosas!
Outra coisa muito boa de se comer são os alfajores (esses doces podem ser comprados nas lojas Havana, o melhor, e trazer umas caixas para o Brasil, que vale a pena). Se nunca comeu um alfajor, procure uma loja da HAVANA em algum shopping aqui de São Paulo, ou na região da Paulista.
Falando em alfajor, que tem doce de leite na receita, o doce de leite deles é muito gostoso, e o sorvete que tomei no FREDDO foi um dos melhores na minha vida.
E algumas coisas compramos no Carrefour de lá, para comer no hotel ou trazer para viagem.
Mas o grande "barato" é comer em restaurantes bacanas por preços interessantes, talvez três vezes menos do que aqui (se fosse comer em São Paulo, onde um jantar sairia por R$60, lá em Buenos se gastaria uns R$20 -- eu me sentia um rico esbanjando dinheiro em restaurantes legais, risos).
CLIMA
Sobre o tempo, fomos em junho, estava friozinho, mas nada absurdo, estava gostoso, principalmente andar ao sol. Eu usando camiseta, uma blusa e jaqueta de couro estava bem, e as luvas e touca ajudaram. Quando esquentava um pouco, eu tirava a blusa do meio e as luvas e touca e colocava dentro da mochila nas costas, que estava bom!
QUADRINHOS E LIVROS
Diferente do Brasil, que existem bancas de jornais com muita coisa à venda, e principalmente quadrinhos, lá senti dificuldade em achar coisas básicas (diga-se Super Heróis Marvel/DC) e coisas típicas (mas acabei comprando as LOCURAS DE ISIDORO).
Sobre as famosas livrarias argentinas, infelizmente não tive tempo de desfrutar de nenhuma, por conta do tempo curto.
CONSTRUÇÕES
Cidade bem organizada, cheia de prédios antigos e conservados, parecia as cidades europeias que vemos nos filmes.
Um exercício de imaginação: feche os olhos e imagine o Centro Velho de São Paulo. Agora elimine aquela mistura de arquitetura clássica com as modernas e os prédios mal-feitos e deixe apenas as construções anteriores à época dos nossos avós. Agora, o que sobrou, imagine tudo isso como na época que foi construído, novinho em folha, e com toda sua imponência. E agora "copie-e-cole" esses prédios e casas por vários quarteirões e quarteirões, de preferência quadras simétricas. Pronto: Buenos Aires é assim.
OS ARGENTINOS
Ao contrário do que muita gente pode pensar, eu achei o povo argentino bem simpático, prestativo, cordial, mesmo sabendo que éramos brasileiros. Alguns brincaram conosco, mas sempre brincadeiras sadias -- acredito que a rivalidade boba que exista é por conta do futebol. Como eu nem gosto desse esporte e o que ele representa, então não me afetou em nada.
Mas eu tive um certo "choque" étnico quando peguei o metrô a primeira vez: andando pela superfície, eu vi aquele pessoal alto, claro, mulheres elegantes, rapazes de cabelos compridos estilo jogadores de futebol, todos bem vestidos. Mas quando desci para os subterrâneos, vi uma quantidade muito grande de mestiços, com traços indígenas, grande maioria de trabalhadores. Não sei se foi só essa impressão ou não, mas me parecia que aquele povo que vi em cima seriam os porteños (os naturais da metrópole Buenos Aires, grande influência espanhola), e os segundos seriam os verdadeiros argentinos (com suas origens da terra natal e miscigenações). Um pessoal igualmente bem educado, que não se empurra no metrô como os paulistas e esperam o pessoal descer do trem antes de entrarem.
E encontramos até um ambulante vendendo churros, um tiozinho conversador, contando Piadas de Espanhol para nós (seria o similar das Piadas de Português, onde o colonizado fala mal do colonizador). Eu não entendi quase nada, por conta do sotaque estranho dele e da grande quantidade de gírias, mas rimos juntos, foi uma experiência divertida.
CONCLUINDO
Gostamos da cidade, do povo, da cultura.
E não pagamos muito por isso. Talvez, dependendo das promoções, fique até mais barato do que viajar dentro do Brasil mesmo.
E espero que essas dicas ajudem que deseja visitar nossos hermanos.
Abraços e até a próxima!
Leandro M.D.
jul2010/jan2012
"O universo é uma harmonia de contrários." (Pitágoras)
np - Fun People - Masticar